segunda-feira, 19 de maio de 2008

a imprensa e a iniciativa dos Mártires do Corte das Videiras

16-Mai-2008
Mártires do corte das videiras são exemplo a não esquecer
Centena e meia de pessoas participaram, ontem, em Ovar, na homenagem aos mártires do corte das videiras de 15 de Maio de 1939, em Válega. Na cerimónia, promovida, como é hábito, pela ALDA - Associação da Lavoura do Distrito de Aveiro e pela União dos Agricultores do Concelho de Ovar, foi lida uma saudação pelo dirigente da ALDA, Albino Silva, que salientou «a justa homenagem a todos aqueles homens e mulheres que se levantaram contra o corte das videiras e pela defesa da produção agrícola familiar».Um exemplo muito actual, pois, nas palavras do dirigente dos agricultores, apesar dos tempos serem outros, «recordar esta data é também uma forma de alertar para os momentos difíceis que vive actualmente a nossa agricultura». Albino Silva aproveitou a ocasião para apontar o dedo a «todos aqueles que ajudaram a liquidar milhares de explorações agrícolas» e que estão hoje, segundo ele, «muito preocupados com a falta de produção e a fome no mundo, lavando as mãos como Pilatos, fugindo às suas responsabilidades».Lembrar o 15 de Maio de 1939 é também, disse o dirigente, «transmitir a todos os agricultores e à população em geral, o exemplo e a coragem daqueles homens e mulheres» e aproveitar para, à semelhança deles, «levantar a nossa voz contra os que teimam em arruinar a nossa agricultura e em semear a fome nos nossos campos».Recorde-se que, numa iniciativa conjunta da Câmara Municipal de Ovar e da ALDA, em 1999, no local, em pleno centro da vila de Válega, foi descerrada uma lápide em memória dos dois agricultores valeguenses que ali tombaram no dia 15 de Maio de 1939, por se oporem ao corte das videiras ordenado pelo Governo do Estado Novo e imposto pelas armas das autoridades policiais da época.«Esses homens podem estar descansados», declarou Albino Silva, «porque vamos continuar a honrar os seus propósitos da sua luta luta, continuar a lançar as sementes que um dia germinarão num Portugal agrícola soberano e independente».
(in «Diário de Aveiro» - edição impressa)

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