quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Carta aberta dos Agricultores do concelho de Ovar entregue na Câmara Municipal de Ovar

Ovar, 21 de Fevereiro de 2008.

Ex.mos Senhores
Executivo Camarário do Município de Ovar


APELO

A ALDA, Associação da Lavoura do Distrito de Aveiro, considera preocupante a situação da agricultura no concelho de Ovar.
A pequena e média agricultura, que ainda hoje é predominante no concelho, tem sido, ao longo dos anos, vítima das políticas desastrosas comunitárias e nacionais.
Os produtores de leite e de carne foram aqueles que mais sentiram as formas violentas da aceleração da concentração das explorações agrícolas, forçados a abandonar a sua actividade em nome da competitividade.
Estas más políticas comunitárias e nacionais originaram também muitos problemas ambientais resultantes da liquidação de centenas de pequenas e médias explorações pecuárias do concelho e da concentração da produção.
Hoje mesmo com grandes investimentos realizados pelos agricultores, nas melhorias físicas das suas explorações, no bem estar animal, na genética, entre outros, os problemas agravam-se pela imposição de linhas políticas que nada tem com a realidade agrícola do nosso concelho.
Na nossa perspectiva, o licenciamento das explorações agrícolas, Decreto-lei 202/2005 de 24 de Novembro, deve ser visto como uma medida para que se possa prolongar e melhorar a produção pecuária, quer seja na vertente leite ou carne, e não como uma estratégia que irá levar ao encerramento de uma das actividades mais ancestrais e de uma enorme importância na riqueza produzida no nosso concelho.
Nos últimos tempos tem-se verificado inúmeras queixas contra agricultores por causa do espalhamento de estrumes nas épocas das sementeiras, queixas estas, que têm servido de processos de contra-ordenação, fortemente puníveis, ao abrigo do decreto lei 446/91 de 22 de Novembro usado pelas Brigadas Verdes (GNR). Não deveria, na nossa óptica, ser aplicado, o decreto referido, à nossa agricultura do concelho, dado que as matérias primas usadas para adubação das terras são matos, aliás procedimento agronómico praticado desde sempre, e não lamas como as brigadas sempre argumentam. Daí apelar a V. Ex.cia para que dentro das vossas competências alertem as autoridades para outro procedimento a fim de não agravarem a situação difícil que os agricultores vivem actualmente.
Deixamos, para finalizar, a preocupação para que V. Ex.cias ponderem sobre a possibilidade de os agricultores ao levarem os efluentes à ETAR concelhia, ficassem libertos de uma taxa adicional, pois nas facturas das suas explorações já pagam a contribuição para esta área.


Pel’Os Agricultores do concelho de Ovar

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